Por que sofremos tanto nos relacionamentos?
Resposta rápida: porque não enxergamos a realidade de maneira clara e por isso nos enganamos e deixamos enganar por nossos impulsos sexuais, carências, necessidades… nos deixamos enganar pelas palavras, aparências e emoções.
Se você não entender nem que seja um pouco do que falarei aqui, você provavelmente continuará se frustrando muito.
Freud criou o conceito chamado de Id, que é o componente nato dos indivíduos, ou seja, as pessoas nascem com ele.
O ID consiste nos desejos, vontades e pulsões primitivas, formado principalmente pelos instintos e desejos orgânicos pelo prazer.
Nos primeiros anos de nossas vidas somos basicamente impulsos, desejamos e buscamos satisfazer nossos desejos da maneira mais rápida possível.
Ao longo do tempo descobrimos que existem regras numa sociedade e que não podemos satisfazer nossas vontades de imediato, pois isso muitas vezes até qualificaria um crime.
Agora, já não podemos ser tão sinceros assim, pois precisamos criar artimanhas para conseguirmos satisfazer nosso impulso(o ID). Quando desejamos sexo, por exemplo, normalmente não podemos chegar em um determinado grupo e falar diretamente para uma pessoa: eu quero transar com você.
O EGO é essa ponte entre a nossa parte que deseja, e o nosso objeto de desejo. O EGO é o constructo para nos adaptarmos a sociedade e ainda assim podermos conseguir satisfazer nossos desejos.
É o ego que muitas vezes maneja, cria, e até inventa mentiras, tudo para obter a satisfação dos nossos impulsos. Ele disfarça muito bem aquilo que não poderia ser dito diretamente.
É fato que um homem, por exemplo, necessita adaptar-se as regras e desenvolver repertório para conseguir satisfação sexual. Assim, muitos naturalmente desenvolvem o repertório da conquista, e muitas vezes visando apenas maximizar suas conquistas sexuais. Para muitos, trata-se quase de uma competição, quanto mais mulheres eu for capaz de “pegar”, melhor.
Assim, muitas vezes cria-se uma disposição em prometer amor, relacionamentos duradouros e até casamentos, mirando, na verdade, em um propósito claro: a conquista sexual.
Esse repertório muitas vezes também pode incluir status. Utilizando mais do que apenas palavras…
No outro lado pode existir em muitas mulheres um forte traço de hipergamia, a seleção feminina pelo melhor “macho”, o mais forte, comunicativo, destacado, rico, aparentemente saudável etc.
Diferente do jogo masculino, que se estabelece muito mais com manejo social, lábia e posses. O feminino geralmente se baseia muito mais em seu físico, aparência estética, fertilidade e jovialidade, sensualidade…
Então, o homem que joga nos relacionamentos, joga deste jeito porque sabe que isso é atraente para talvez a maioria das mulheres.
E a Mulher que “joga”, joga deste jeito, porque sabe que isso é o que geralmente atrai a maioria dos homens.
Não foi o homem que escolheu o que chamaria a atenção de muitas mulheres, mas muitas mulheres de certa forma ensinaram aos homens o que as atrai. E você-versa.
Muitos jovens se frustram, por exemplo, quando apostam todas as suas fichas apenas no cavalheirismo e percebem que perdem o jogo para um Badboy conquistador.
Lembre-se a função do ego é se adaptar, e ele se construiu baseado em suas necessidades.
Ao longo do tempo a mulher se mostrou atraída pelo poder, força e status, enquanto o homem sempre se mostrou ser muitas vezes incapaz de resistir a sensualidade feminina, etc.
A sociedade também aprendeu com isso, ou você acha que a maioria das empresas de roupas irão influenciar mulheres a andarem mais cobertas e com roupas largas, sabendo que as roupas que facilitam a sensualidade, um decote, uma roupa que valorize as curvas do quadril, atraem muito mais elogios e mexem muito mais com os instintos masculinos.
Para nossos Egos, as únicas qualidades que existem são aquelas que correspondem aos nossos desejos e fantasias.
Enquanto o jogo egoico da conquista masculina é muito mais voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais e status, o feminino é muito mais voltado para sua capacidade de encantar quem a olha e em gerar atração física.
Tudo isso tem se intensificado ainda mais com o advento das redes sociais. E o algorítimo basicamente te força a entrar neste jogo.
E geralmente aqueles que se recusam entrar no jogo, os tímidos, introvertidos e que preservam muitas vezes mais virtudes do que a maioria destacada, ficam para trás neste jogo.
Preste a atenção agora, porque o que direi agora clareará muito mais o que está por detrás de tantos problemas nos relacionamentos, principalmente na juventude.
Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica, definiu a diferença entre amor e paixão.
A paixão geralmente se baseia na projeção/nas ideias do que quero que o outro seja, e nem sempre é consciente. Por ser muito inconsciente, é arrebatadora, impactando principalmente em mim e no outro.
Porém, após um tempo, essa projeção não se sustenta, pois o outro não tem espaço para ser quem realmente é. Quando isso acontece e o outro começa a agir de forma autêntica, muitas vezes surge conflitos, pois a realidade não corresponde à idealização inicial.
Lembre-se do seguinte, suas fantasias são suas fantasias e não a realidade.
Em um relacionamento amoroso verdadeiro, é essencial estabelecer uma conexão com a realidade do outro. Manter um relacionamento baseado em projeções, nas ideias, é difícil, mesmo para os mais maduros e esclarecidos… pois a idealização é muito menor do que a realidade.
Principalmente quando jovens estamos lotados de idealizações e muitas vezes temos pouco noção da realidade sobre o que seria verdadeiramente um bom relacionamento.
Por isso acabamos sendo facilmente influenciados por conversas mentirosas, falsas aparências, promessas enganosas e nos entregando as fantasias.
Pela própria natureza da ilusão, ela não poderá se sustentar por muito tempo.
Já o verdadeiro amor nos ajuda a superar as dificuldades que surgem naturalmente nos relacionamentos, facilitando a compreensão das escolhas amorosas. Para isso, é crucial ter autoconhecimento e compreender em quais níveis fazemos essas escolhas, e se estamos buscando o que nos complementa verdadeiramente e não meras fantasias.
A realidade só dói, porque ela mata sua fantasia.
O amor surge do namoro com a realidade, enquanto a pura paixão trata-se muitas vezes apenas de idealizações.
Meu nome é Jonatan Ribeiro e eu sou terapeuta. Se você precisar de terapia, é só fazer contato comigo.